terça-feira, 23 de outubro de 2018
Desalento
O desalento se mostra quando nos deparamos com situações que poderiam nos aproximar e acaba muitas vezes somente nos afastando, observo em mim este fato, que afim de conhecer novidades, acabo esquecendo do meio em que vivo e relegando minha vida cotidiana ao relento. Muitas vezes precisamos de uma grande sacudida, para acordarmos e nos percebemos que o urgente é a vida que estamos que 'ponte' da tecnologia junto às informações e às pessoas nada mais é que uma grande muralha nos afastando do nosso presente.
Não é bom que vivamos desta forma, pois no momento em que precisamos de ombros amigos, ou somente um ouvido para que nos escute, não encontremos meras respostas no famoso "internetês", e sim deixemos de priorizar a tal vida 'on-line' e vivamos de fato a vida desconectada para de fato vivenciarmos relacionamentos reais e duradores, com todas a venturas e desventuras que estas proporcionam.
Texto em 18 de Maio de 2012
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
sábado, 13 de maio de 2017
Navalha na carne
Às vezes o que falo não tem importância,
o que calo sim, este é o que comunica.
Cortar a própria carne com fria e fina lâmina,
tem gosto um gosto láscivo, um gosto perpétuo,
ver o metal úmido de seiva escarlate, a formar tolos
desenhos sobre o frio chão, coadunando com a vida vazia de sentido.
Ver sua existência a escorrer junto à água fria pelo ralo,
tornando ainda mais ínfima sua casta e tola vida.
Partir sem sofrimento não é um desejo, no íntimo, a punição e o castigo é para ser compartido, para mim que revelo meu interior com o vil metal desta navalha, e para os que me cercam que não vêem e não ouvem a comunicação de meu silêncio.
Não tenho qualquer receio de partir, mesmo porque esta vida é um soslaio, não deixarei de existir, assim que me unir à lama primordial passarei de um reles mortal à nutrição da terra.
...
...
Quando é séria, ouço-a falar-me de assuntos sérios. Às vezes, sussurra-me. Às vezes, grita-me. Essa voz não é a minha voz. Não é a voz que, em filmagens de festas de anos e de natais, vejo sair da minha boca, do movimento dos meus lábios, a voz que estranho por, num rosto parecido com o meu, não me parecer minha. A voz que ouço quando leio existe dentro de mim, mas não é minha. Não é a voz dos meus pensamentos. A voz que ouço quando leio existe dentro de mim, mas é exterior a mim. É diferente de mim. Ainda assim, não acredito que alguém possa ter uma voz que lê igual à minha, por isso é minha mas não é minha. Mas, claro, não posso ter a certeza absoluta. Não só porque uma voz é indescritível, mas também porque nunca ninguém me tentou descrever a voz que ouve quando lê e porque eu nunca falei com ninguém da voz que ouço quando leio.
Perante um jornal, a voz lê-me pedaços de notícias. Começa a ler e desinteressa-se. Rasga pedaços de textos ou de títulos que me lê sem organização. Quando caminho pela rua, a voz diz-me frases pintadas nas paredes, diz-me palavras que brilham em letreiros iluminados. Caminho e a voz vai falando comigo. Não lhe respondo porque não sei como falar com ela. É uma voz de falar. Penso que é uma voz que não ouve. Abro romances e a voz é paciente a explicar-me paisagens que nunca vi, árvores, estradas, horizontes. Quando me fala de pessoas e coisas verdadeiras, volto atrás. Ao repetir-me um texto, a voz detém-se mais em cada palavra. Pronuncia cada sílaba. Pára em frases e repete-as porque quer que eu as entenda completamente. Eu, que não sei se entendo, ouço-a, admirado com as palavras. Não foram poucas as vezes que a voz que ouço quando leio me fascinou com palavras que disse. Muitas vezes, as suas pausas acenderam imagens no meu interior, nos lugares escuros que transporto dentro de mim e que não conheço. Muitas vezes essa voz iluminou lugares dentro de mim: túneis que não conhecia. Muitas vezes, vejo essa voz avançar por eles com uma tocha. Eu sei que a voz que ouço quando leio não tem medo. Eu sei que essa voz me conhece melhor do que eu me conheço a mim próprio. Diante de poemas, a voz caminha por dentro das palavras. Dentro de cada palavra: túneis de palavras reflectidas em espelhos à frente de espelhos. Avança por esses túneis de palavras multiplicadas como se desenhasse mapas dentro de cada palavra. Ao fazê-lo, avança por túneis dentro de mim e ajuda-me a desenhar um mapa de mim. Eu ouço-a. Fico a ouvi-la durante horas e tento não esquecer nada porque quero aprender a perder-me menos vezes de mim próprio. (...)
Essa voz que ouço quando leio é parecida com a voz que ouves agora ao ler estas palavras. Ou talvez agora estejas a ouvir a voz do teu pensamento. Talvez agora estas palavras não sejam importantes porque o teu olhar desce pela página, faz o movimento de rectas, e voltas no fim das linhas. Mas o teu olhar não lê e talvez neste momento não estejas a ouvir a voz que, dentro de ti, te lê estas palavras em silêncio. Por isso, estas palavras não são importantes. Agora, ouves a voz do teu pensamento e estas palavras são nulas, como se não existissem, são palavras que estão aqui impressas, que vão ficar aqui impressas durante muito tempo, mas que não existem porque não as lês. Passas os olhos por elas, mas ouves a voz do teu pensamento. Não lês. Não ouves a voz que poderia estar agora a ler para ti. Eu poderia continuar a falar-te de tantas coisas inúteis, jardins, equações. Eu poderia descrever-te o silêncio com palavras, mas não valeria a pena porque tu olhas para estas palavras, mas não as lês. Enquanto pensas, estas palavras são o silêncio. Eu não sei aquilo em que pensas. Eu não posso saber aquilo em que pensas. Para falar contigo, eu preciso da voz que ouves quando lês. Se queres ouvir aquilo que acabei agora de te dizer, tens de voltar atrás.
Talvez já tenhas percebido que eu não sou eu. Eu sou a própria voz que ouves quando lês. Hoje, pela primeira vez, quero falar directamente contigo. Quero que existo nestas palavras. Através delas, quero apenas dizer-te que existo. Estou aqui !!
Solicitude
Em alguns momentos paramos, e observamos noso quotidiano.
Não é simples, pois não queremos ter um olhar crítico sobre nossas ações, pois já nos basta a crítica da sociedade, mas é necessário este olhar, e ainda mais tentar apurá-lo para perceber pequenos ou até grandes desvios que estejamos cometendo.
Estes dias parei nesta silenciosa contemplação, deparei-me com ações, atitudes deveras desnecessárias. Uma atitude que chamou-me mais a atenção foi o título desta postagem: solicitude.
Estamos sempre à busca de aprovação, desde um simples café que se faça, à um trabalho elaborado. E isto nos modifica, quando percebemos estamos esmolando atenção, uma solicitude extrema de aprovação, de aceitação.
E no fim de mais uma apurada observação, não cheguei a conclusão definitiva sobre o assunto, mas definitivamente é algo a se pensar e profundamente.
segunda-feira, 1 de maio de 2017
Voz
Quando é séria, ouço-a falar-me de assuntos sérios. Às vezes, sussurra-me. Às vezes, grita-me. Essa voz não é a minha voz. Não é a voz que, em filmagens de festas de anos e de natais, vejo sair da minha boca, do movimento dos meus lábios, a voz que estranho por, num rosto parecido com o meu, não me parecer minha. A voz que ouço quando leio existe dentro de mim, mas não é minha. Não é a voz dos meus pensamentos. A voz que ouço quando leio existe dentro de mim, mas é exterior a mim. É diferente de mim. Ainda assim, não acredito que alguém possa ter uma voz que lê igual à minha, por isso é minha mas não é minha. Mas, claro, não posso ter a certeza absoluta. Não só porque uma voz é indescritível, mas também porque nunca ninguém me tentou descrever a voz que ouve quando lê e porque eu nunca falei com ninguém da voz que ouço quando leio.
Perante um jornal, a voz lê-me pedaços de notícias. Começa a ler e desinteressa-se. Rasga pedaços de textos ou de títulos que me lê sem organização. Quando caminho pela rua, a voz diz-me frases pintadas nas paredes, diz-me palavras que brilham em letreiros iluminados. Caminho e a voz vai falando comigo. Não lhe respondo porque não sei como falar com ela. É uma voz de falar. Penso que é uma voz que não ouve. Abro romances e a voz é paciente a explicar-me paisagens que nunca vi, árvores, estradas, horizontes. Quando me fala de pessoas e coisas verdadeiras, volto atrás. Ao repetir-me um texto, a voz detém-se mais em cada palavra. Pronuncia cada sílaba. Pára em frases e repete-as porque quer que eu as entenda completamente. Eu, que não sei se entendo, ouço-a, admirado com as palavras. Não foram poucas as vezes que a voz que ouço quando leio me fascinou com palavras que disse. Muitas vezes, as suas pausas acenderam imagens no meu interior, nos lugares escuros que transporto dentro de mim e que não conheço. Muitas vezes essa voz iluminou lugares dentro de mim: túneis que não conhecia. Muitas vezes, vejo essa voz avançar por eles com uma tocha. Eu sei que a voz que ouço quando leio não tem medo. Eu sei que essa voz me conhece melhor do que eu me conheço a mim próprio. Diante de poemas, a voz caminha por dentro das palavras. Dentro de cada palavra: túneis de palavras reflectidas em espelhos à frente de espelhos. Avança por esses túneis de palavras multiplicadas como se desenhasse mapas dentro de cada palavra. Ao fazê-lo, avança por túneis dentro de mim e ajuda-me a desenhar um mapa de mim. Eu ouço-a. Fico a ouvi-la durante horas e tento não esquecer nada porque quero aprender a perder-me menos vezes de mim próprio. (...)
Essa voz que ouço quando leio é parecida com a voz que ouves agora ao ler estas palavras. Ou talvez agora estejas a ouvir a voz do teu pensamento. Talvez agora estas palavras não sejam importantes porque o teu olhar desce pela página, faz o movimento de rectas, e voltas no fim das linhas. Mas o teu olhar não lê e talvez neste momento não estejas a ouvir a voz que, dentro de ti, te lê estas palavras em silêncio. Por isso, estas palavras não são importantes. Agora, ouves a voz do teu pensamento e estas palavras são nulas, como se não existissem, são palavras que estão aqui impressas, que vão ficar aqui impressas durante muito tempo, mas que não existem porque não as lês. Passas os olhos por elas, mas ouves a voz do teu pensamento. Não lês. Não ouves a voz que poderia estar agora a ler para ti. Eu poderia continuar a falar-te de tantas coisas inúteis, jardins, equações. Eu poderia descrever-te o silêncio com palavras, mas não valeria a pena porque tu olhas para estas palavras, mas não as lês. Enquanto pensas, estas palavras são o silêncio. Eu não sei aquilo em que pensas. Eu não posso saber aquilo em que pensas. Para falar contigo, eu preciso da voz que ouves quando lês. Se queres ouvir aquilo que acabei agora de te dizer, tens de voltar atrás.
Talvez já tenhas percebido que eu não sou eu. Eu sou a própria voz que ouves quando lês. Hoje, pela primeira vez, quero falar directamente contigo. Quero que existo nestas palavras. Através delas, quero apenas dizer-te que existo. Estou aqui !!
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
Certeza de morte
Nunca estive tão convicto do próximo passo a dar, viver não tem sentido.
Partir sem um destino final, mas escolher a forma de partir, me parece a única escolha sensata.
segunda-feira, 25 de julho de 2016
Medo,
Não sei o que me tornei.
Escravo de vontades não digeridas,
Cúmplice de um destino incerto,
E sufocado por discursos que teimam em não subir garganta acima.
Se o silêncio fosse compreendido...
Mas é somente tolerado.
Escrever um dia foi permitir-me...
Hoje é alarde do desespero...
Choro por raiva,
Por tristeza,
Não por alegria...
Não sei definir,
...como já escrevi aqui,
as lágrimas são palavras presas...
Tenho que mudar! Mas não sei se quero...
Muitas vezes não sei o que pensar,
E minha mente está presa em pensamentos,
que vão e vêm sem controle...
A mente envia sinais físicos,
Mas não sei se os quero decifrar...
Decifra-me ou te devoro...
E vou sendo devorado contra minha vontade...
Sem lutar, sem esboçar qualquer revelia...
Já não sou inteiro, nem metade,
sou pouco menos, e cada dia menos...
Menos vivo, menos realizações...
E muitas... Desavenças, desatenções,
tristezas, palavras confusas.
Desistir parece ser a saída, dita fácil,
Mas que não parece ser tão próxima assim,
Parar.
Esperar.
Devanear.
Emudecer.
Endurecer.
Entristecer.
E porque não? Enlouquecer...
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quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Setor bancário: depressão epidêmica
Em 2009, o trabalho Patologia da Solidão: O Suicídio de Bancários no Contexto da Nova Organização do Trabalho, tese de mestrado em Administração de Empresas de Marcelo Augusto Finazzi Santos, na Universidade de Brasília (UnB), apurou que 181 bancários terminaram com a própria vida de 1996 a 2005 – em média, um a cada 20 dias. Entre as principais causas, assédio moral, pressões por metas, excesso de tarefas e medo do desemprego.
Pesquisa feita com bancários de todo o Brasil sobre as prioridades da campanha nacional deste ano mostra que para quase 80% da categoria o combate ao assédio moral e às metas abusivas são os principais problemas nos locais de trabalho.
Oito sintomas físicos de depressão além da tristeza
Dor de cabeça e distúrbios gastrointestinais podem acompanhar o quadro
POR CAROLINA SERPEJANTE - PUBLICADO EM 16/06/2015 Em: http://www.minhavida.com.br/saude/galerias/18674-oito-sintomas-fisicos-de-depressao-alem-da-tristeza/3
Problemas digestivos
Dor de cabeça
Distúrbios do sono
Tensão na nuca e nos ombros
Cansaço ou fadiga
Mudanças no apetite e no peso
Dores no corpo
Pacientes com depressão muitas vezes se queixam de dores generalizadas e persistentes no corpo todo, principalmente nas costas e peito. "Os sintomas de fadiga e cansaço próprios do quadro depressivo acabam comprometendo uma postura adequada quando o indivíduo tenta realizar suas atividades diárias, piorando a sensação de tensão e dores musculares", explica psiquiatra Luis. Sedentarismo e a falta de atividades físicas podem tornar o quadro ainda mais intenso.
Imunidade baixa
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Estive pensando o quanto a vida é diferente, e o quanto somos volúveis, nossas idéias mudam de um momento a outro, por qualquer motivo, sem que muitas vezes racionalizemos, atitudes desprovidas de qualquer sentido. O calor das emoções é um grande motivador, e nem sempre é um bom conselheiro, pelo contrário, são estes acontecimentos que muitas vezes trazem o arrependimento, o dito popular é bastante válido neste momento: 'se arrependimento matasse!'. Tomei uma decisão profissional que hoje me arrependo, como se diz popularmente era feliz e não sabia, o aumento financeiro, hoje em dia não é suficiente. A qualidade de vida também é importante, os valores familiares também são quesitos que hoje pesam bastante. Estar longe de quem se ama, é desgastante, o fim de semana, de cá para lá é cansativo, e não repõe a presença e a falta que o convívio faz. Mesmo com o avanço da tecnologia e a pretensa proximidade que esta proporciona, sequer supre qualquer manifestação de amor ou carinho, a tecnologia é fria. Não quero dizer com isso que o convívio no relacionamento é somente de maravilhas e felicidades, quem convive sabe bem, o momento de calar, de falar; de viver os conflitos que só se vive quando você se dispõe a dividir das alegrias e tristezas, as saúdes e as doenças, os problemas e as soluções, o choro contido e e alegria solta. É mas no fim sempre o saldo é positivo, falo por mim. Hoje observo que não lido bem com mudanças, e ter mudado de forma tão drástica assim de repente foi de fato pesado. Trabalhar o dia inteiro e depois não ter um rosto conhecido para ver, é estressante. Como brasileiro eu sei não desisto nunca se escolhi desta forma devo enfrentar e sair triunfante.
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